Cadere Volare, o segundo álbum da carreira de Sangiovanni, era uma das estreias mais esperadas do primeiro semestre no mercado italiano. E faria 100% jus à expectativa, não fosse por um detalhe: a faixa Che Gente Siamo, canção cheia de crítica social que esbarrou na polêmica sobre racismo e a pretensa liberdade cis, branca, classe média, de dizer o que bem entender, inclusive quando não está em seu lugar de fala.

O jovem de 19 anos teria feito um trabalho sem ressalvas não fosse pela n-word, a palavra que não deve ser dita. Não dá para dizer que foi desinformação. Foi a autoridade que a sociedade confere a grupos privilegiados de tratar sobre qualquer assunto, discorrer sobre temas espinhosos e sensíveis a outros grupos. Privilégio de classe, de gênero, de raça.

Portanto, não dá para “cancelar” ou taxar o cantor de Vincenza de racista, pura e simplesmente. Há um guarda-chuva de discussões que precisam ser abordadas até chegar ao tema crucial, incluindo os desdobramentos do caso. Ao ver a polêmica eclodir nas redes sociais: Sangiovanni disse: “agora não pode falar mais nada”. Se atinge alguém, machuca alguém, não, não pode. E não há ideologia política, cultural ou qualquer coisa do gênero que justifique.

A própria Che Gente Siamo traz à baila várias discussões sociais válidas e necessárias. O álbum, como um todo, mostra o crescimento do hitmaker do passado, com Lady ou Malibu, para um artista que transita entre ritmos e assuntos necessários. Mas existe um consenso ético e moral sobre o que se pode e o que não se pode falar.

Ultrapassar esses limites é passar um atestado de soberania que Sangiovanni, que começa a trilhar seu caminho no mainstream, não precisava. Quinto lugar no Festival de Sanremo deste ano, ele poderia chegar à elite da indústria essa mácula. Tem talento de sobra para isso e todo o restante do álbum o chancela para um futuro brilhante.

Ouça Cadere Volare, o novo álbum do Sangiovanni

Mas antes ele precisa consertar o erro. Pedir desculpas. Retroceder. Repensar. Tirar a música das plataformas digitais seria um bom começo. Determinados panos a gente não passa.

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