Entendi a indignação de quem, ontem à noite, cobrou da Globo o cancelamento da final do Big Brother Brasil 21. Menos de duas horas antes da atração, a emissora havia perdido um de seus principais nomes, o ator, roteirista, produtor, humorista Paulo Gustavo, recordista de bilheteria no cinema nacional.

Entendi, também, a postura do canal de apertar o “show must go on”. Estamos anestesiados e poderia parecer hipocrisia uma mudança brusca no cronograma por uma pessoa, quando perdemos mais de três mil todos os dias. Inacreditavelmente, mais de três mil pessoas morrem no Brasil todos os dias vítimas de uma doença para a qual já existe vacina.

Morreu o Paulo Gustavo Amaral Monteiro, mas também morrem Paulas, Joanas, Marias, Robertos, Josés, Eduardos, todos o amor de um alguém.

A passagem do artista se difere porque traz uma dor comum. Todos nós sentimos a perda de um gênio que fez parte do nosso riso por tantos anos. Mas tal qual o BBB, peço a licença poética para dizer, em meio ao caos, ao luto, à brutalidade a qual estamos sendo diariamente submetidos, “the show must go on”.

Em dias normais, como no acidente da Chapecoense, o LatinPop Brasil teria um dia de luto. Nós somos assim, nunca deixamos de nos posicionar, de sofrer, de levantar as nossas bandeiras. Hoje, contudo, temos duas entrevistas marcadas que não podem ficar para trás.

Essa é a pior sensação. Não podemos mais viver o luto. Morremos às pencas todos os dias e precisamos seguir em frente. Sem tempo para respirar, sentir, trabalhar a dor.

Já já, no boletim atualizado do consórcio de imprensa sobre os números da pandemia no Brasil, Paulo Gustavo será mais um número. De novo, estamos anestesiados. Nos acostumamos à barbárie de um país que vive normalmente enquanto enterra seus mortos. De um país que fez da luta pela vida uma equação com resultado inferior às benesses econômicas e agora morremos de Covid-19 e fome.

Não é normal, Mas vamos seguir frente, hoje. Por ele e por todos que já nos deixaram vítima dessa doença cruel, inexplicável, que não escolhe entre ricos e pobres, anônimos e famosos. É uma algoz implacável.

Por você, Paulo Gustavo. Por você, Maria. Por você, José. Por você, Ana. Por vocês. Seguimos!

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